A Nike rege-se pela ideologia de que se tens um corpo, tens a capacidade de te tornares num atleta. Da mesma forma, quase que em jeito de analogia, a marca é a prova de que se tens uma boa ideia, tens a possibilidade de a moldares num negócio de sucesso.
Phil Knight costumava correr profissionalmente durante o seu tempo na Universidade de Oregon. A carreira como atleta foi curta, mas a académica continuou e foi durante o mestrado na Universidade de Stanford que começou a idealizar a Nike. Enquanto estudava Gestão Administrativa, Knight acreditava que podia combater a Adidas se importasse sapatilhas do Japão para os Estados Unidos da América. Decidiu testar a sua teoria com calçado para atletismo, ao fazer parceria com a marca Onitsuka Tiger, que viria a ser a Asics.
Em conjunto com o seu antigo treinador de atletismo Bill Bowerman, Knight fundou a Blue Ribbon Sports. Durante algum tempo, a dupla fez a revenda do calçado japonês com sucesso. Contudo, Bowerman sabia que o produto que vendiam podia ser melhor. Começou então a fazer experiências com borracha e a máquina de waffles da mulher, que o levaram à criação de calçado próprio para a marca. Assim, a 30 de maio de 1971, a Nike Inc. estava a ser registada. O seu nome foi inspirado na deusa grega da vitória Niké, que segundo a lenda podia voar e correr a grandes velocidades, tal como o seu logo, o swoosh, que representa uma asa da divindade.
Knight vendia o calçado da Nike à porta das competições de atletismo, enquanto que Bowerman tratava do desenvolvimento de novos modelos. O primeiro a ser lançado foi o Nike Cortez, batizado com o nome do conquistador espanhol do século XVI Hérnan Cortez. Anos mais tarde, vistos como uma técnica revolucionária, os modelos Air destacaram-se pelo amortecimento que conferem ao movimento e pela originalidade. Pela primeira vez, existiam umas sapatilhas que permitiam ver o invisível. Era tão fora do comum que algumas pessoas chegaram a ter medo que as sapatilhas lhes explodissem nos pés.
Com o virar do milénio, a evolução continuou. Em 2001, a marca criou a Nike Goddess, que mais tarde viria a ser a Nike Women, voltada para um público exclusivamente feminino. Em 2003, a gigante americana comprou a Converse, entrando no mercado de calçado a preço mais acessível. O último grande marco que vamos destacar veio com a conceção da aplicação Nike SNKRS, onde os clientes da marca podem encontrar ofertas exclusivas e informações em primeira mão sobre os novos lançamentos.
Já falamos de criatividade, empreendedorismo, identidade e progresso. Contudo, atualmente, é impossível falar numa marca sem referir a sua posição relativamente à sustentabilidade e ao planeta. A Nike disponibiliza muita informação sobre o tema e traça objetivos concretos até 2025. Ao fazê-lo, ela espera que os consumidores a desafiem e responsabilizem, caso falhe a meta. Alguns desses objetivos são a redução de 10% de resíduos de fabricação por cada unidade, a utilização de energia 100% renovável em toda a sua frota e a diminuição das emissões de gases de efeito de estufa em 70%.
A maioria das marcas faz parcerias com personalidades, de forma a aumentar a sua exposição mediática, gerando mais vendas, e a Nike não é exceção. Das várias colaborações conhecidas, há uma que merece maior destaque: a Nike x Michael Jordan, que começou em 1984 e continua rentável até hoje. O momento de destaque das Air Jordan aconteceu num jogo da NBA quando Jordan, que já jogava para os Chicago Bulls, os usou apesar da associação de basquetebol o ter proibido. A mítica por detrás daquelas sapatilhas que simbolizavam a quebra das regras e a vitória elevou as Air Jordan a um ícone da cultura popular. O sucesso foi tanto que, quatro anos depois, a Nike decidiu transformar as Air Jordan numa marca, com um logótipo próprio, o jumpman.
O homem que se vê a saltar é o próprio Michael Jordan, que durante a sua carreira evidenciou um jogo aéreo impressionante. Jordan tornou-se numa cara indissociável da Nike e do basquetebol, tendo protagonizado em 1997 o filme Space Jam, onde contracenava com o famoso Bugs Bunny. A longa-metragem, inspirada numa publicidade antiga da marca, foi um sucesso. Na altura, a Nike não aproveitou a possibilidade de marketing, mas agora, quase 25 anos depois, a marca viu na sequela a possibilidade de lançar modelos exclusivos. Para além disso, num dos momentos mais importantes de ‘Space Jam: uma nova era’ vais poder ver as personagens a usar equipamentos da Nike.
Em adição à aposta em Hollywood, a gigante americana é mestre em campanhas publicitárias, como o famoso ‘Just Do It’. Este ano, a campanha foca-se na descoberta do desporto através de novas perspetivas. ‘Play New’ mostra personalidades a tentar fazer algo novo e a falhar, enfatizando que não precisamos de ser os melhores para nos divertirmos. O importante é simplesmente fazer.
Há pouco tempo, foi divulgado o capítulo mais recente de ‘Play New’ chamado de ‘Best Day Ever’- melhor dia de sempre-. No filme de um minuto, a Nike mostra o que poderá ser o dia de amanhã. Pode ser o dia em que recordes de velocidade são quebrados, em que uma lenda do ténis lança o seu próprio videojogo ou pode simplesmente ser o dia em que tu começas a correr. A gigante americana acredita que o desporto tem o poder de inspirar as pessoas e de criar uma plataforma que impulsione a mudança.
Com mais de cinco mil patentes registadas, a Nike é a maior empresa mundial de artigos desportivos. No famoso livro de capa verde da Taschen ‘Something’s Off’ podes saber ainda mais sobre a marca que foi pioneira ao cruzar com mestria a cultura popular e o desporto. No entanto, o CEO da marca diz que o melhor dia ainda está para chegar. É amanhã!
