Playlist: nos tons do jazz
Música

13 Agosto 2021

Playlist: nos tons do jazz

Playlist: nos tons do jazz



Nesta rubrica, já falamos sobre mulheres poderosas, sobre o rei do pop e sobre grandes nomes do rock. Hoje, chegou a vez de destacarmos os tons melódicos do jazz. O género musical surgiu no virar do século XX em Nova Orleães nos Estados Unidos da América. É difícil explicar o que é este estilo musical, mas sabe-se que resultou de uma fusão de elementos de várias tradições musicais, entre elas as bases rítmicas africanas, as estruturas harmónicas europeias e as vocalizações típicas de gospel.


Como o jazz tem a improvisação, a sobreposição de ritmos e a junção de várias melodias como características, existe uma grande variedade de subgéneros. Dixieland, swing, bebop, jazz latino, e fusion são apenas alguns exemplos. Ao longo deste post vamos falar sobre quatro homens e uma mulher que marcaram este género musical de formas muito diversas.


Vamos começar por aquele que nasceu primeiro e que é, potencialmente, um dos nomes mais associados ao jazz. Louis Armstrong foi cantor e instrumentista. Tocava trompete, corneta e saxofone, sendo que é mais reconhecido pelo primeiro instrumento de sopro que referimos. Ele nasceu em 1901 e cresceu na cidade do jazz, Nova Orleães, numa altura em que o género se estava a desenvolver. Vinha de uma família pobre e costumava entrar à socapa em bares para ouvir a música que viria a definir a carreira dele.





Com uma adolescência atribulada, tendo passado pela instituição New Orleans Home for Colored Waifs por ter disparado uma pistola nas celebrações de ano novo aos 11 anos, Armstrong foi desenvolvendo as suas capacidades musicais na banda do reformatório. Aos 20 anos, o artista já conseguia ler partituras e tocar solos grandes de trompete, tendo sido o primeiro a fazê-lo dentro do estilo. A sua personalidade foi evoluindo, tal como o seu som, e a partir dai foi sempre a voar.


A certa altura, Armstrong conheceu Oscar Peterson. Considerado um dos maiores pianistas de jazz, Peterson começou a aprender a tocar trompete e piano aos 5 anos. Contudo, depois de ter tuberculose, dedicou-se exclusivamente ao piano. O seu estilo era coerente e poderoso, capaz de um balanço e swing extraordinário. Apesar de tocar com vários músicos, por norma Peterson era acompanhado pelo guitarrista Herb Ellis e o contrabaixista Ray Brown.


Foi com essa dupla e com Louis Bellson nos tambores que Peterson e Armstrong gravaram o álbum de estúdio Louis Armstrong Meets Oscar Peterson em 1957. Neste vinil podes ouvir a genialidade de Peterson no piano com a generosidade de Armstrong no trompete e na voz. O alinhamento das músicas foi retirado essencialmente do Great American Song Book, sendo que elas variam entre baladas comoventes e swings efusivos.





Para além de Armstrong, Peterson colaborou com grandes nomes do jazz na segunda metade dos anos 50. Uma dessas personalidades foi Ella Fitzgerald. Com uma juventude atribulada, a cantora e compositora foi abandonado pelo pai, ficou órfã de mãe aos 15, foi abusada pelo padrasto português, viveu na rua, esteve presa antes dos 17 e foi internada no Asilo de Órfãos de Cor no Bronx, em Nova Yorque. Incentivada por uma professora de piano que a acolheu depois dos anos na instituição, a cantora participou num concurso para amadores no Teatro Apollo, onde passou a atuar frequentemente.


Ella era conhecida pelo seu scat, técnica de canto vocalizado sem palavras criado por Armstrong, pela sua extensão vocal que atingia as três oitavas, pela sua tonalidade pura e pela sua dicção e entoação impressionante. Foi com o lançamento da série Song Books que a cantora atingiu a fama mundial. Também por volta da mesma altura, gravou Ella at Zardi’s.


Zardi’s Jazzland era um local onde amantes do género se reuniam em Hollywood. O disco Ella at Zardi’s de 1956 contém 21 músicas da atuação da cantora nesse espaço. O concerto mostra uma Fitzgerald inspirada, com a audiência ao rubro, e comemora a criação da Verve Records, onde a artista viria a gravar dias depois o disco que a levou ao estrelato.





A 26 de maio de 1926 nasceu Miles Davis, um dos compositores e trompetistas de jazz mais inovadores. Descobrir os 50 anos de carreira de Davis é testemunhar a evolução do género musical, desde o lançamento do cool jazz em 1949, ao jazz fusion nos anos 70 e ao rap- jazz dos anos 90. Enquanto trompetista, o músico tinha um som puro e claro, tocando num registo baixo e minimalista, sendo também capaz de atingir a alta complexidade.


Ascenseur pour l'échafaud é uma coletânea de músicas que Davis produziu para o filme de 1957 de Louis Malle com o mesmo nome. A convite do realizador e sem ensaio prévio, o artista preparou algumas harmonias rudimentares e, em conjunto com os quatro músicos que o acompanhavam, foi improvisando as músicas enquanto via sequencias do filme.


Miles Davis: Birth of the Cool é um disco com 12 músicas gravadas entre 1949 e 1950. Este é um álbum icónico do artista, pois marca uma etapa importante no desenvolvimento do bebop. A instrumentalização incomum utilizada é destacada pela inovação dos arranjos, influenciados em parte pela música clássica. Também com o mesmo nome existe um documentário biográfico de Davis.





Ao contrário das lendas de jazz de que te falamos até agora, vamos terminar esta playlist com um artista que trouxe de volta o género musical em pleno século 21. Com 49 anos, Gregory Porter é um dos principais artistas contemporâneos de jazz. Podia ter sido atleta, mas um ferimento no ombro travou-o. Foi chefe de cozinha no restaurante do irmão, mas as performances musicais que fazia de vez em quando levaram-no à carreira que tem hoje.


Começou já perto dos 40 anos, com um sentido musical maduro e teve os seus dois primeiros álbuns nomeados para os Grammy. Compõe as suas próprias músicas e é considerado um intérprete com uma sinceridade desarmante e um ritmo irresistível. A sua imagem de marca incluí um chapéu com fecho debaixo do queixo, que segundo o cantor serve para tapar algumas cicatrizes derivadas de uma cirurgia à pele.


All Rise é o sexto álbum de estúdio de Porter. Representa a sua evolução para uma música mais empática, emotiva, íntima e universal. Tratando as melodias como medicina, este disco está repleto de temas sobre amor e protesto, porque o caminho para a cura é atribulado. Perde-te nos tons de Gregory Porter e dos artistas de que te falamos hoje na nossa Playlist: nos tons do Jazz e descobre este estilo tão aclamado.




Música



Deixa o teu comentário sobre esta notícia

O formulário foi submetido com sucesso.
Campo de preenchimento obrigatório.
Campo de email inválido
Campo com limite máximo de caracteres
Este campo não coincide com o anterior
Campo com limite mínimo de caracteres
Ocorreu um erro na submissão, por favor revê o formulário.

* Campos de preenchimento obrigatório.